"A música sempre esteve presente na minha vida. Lembro-me que quando ainda garoto, por conta do hábito que eu tinha de em todo fim de tarde sentar-me em uma das janelas da casa e cantarolar, os vizinhos me colocaram o apelido de Jorge Veiga. Mas foi efetivamente na adolescência, quando participei de alguns conjuntos musicais como vocalista, que se deu a minha maior aproximação dela. Eu tinha na época dezesseis anos e fazia parte de um grupo musical que costumava ensaiar três vezes por semana. Como eu não tinha violão e gostava do instrumento, tais ensaios eram de suma importância pra mim, pois ali, sempre que havia uma parada para um breve descanso, eu pegava o violão que havia por perto e com a ajuda dos companheiros, dava sequência ao meu lento aprendizado.
Aos dezessete anos, já me sentindo seguro e familiarizado com os acordes básicos, dei asas ao meu sonho e comecei a criar as minhas primeiras melodias e escrever as primeiras letras. Porém, como não tinha um violão e nem como comprá-lo, as coisas fluíam de forma muito lenta, pois só podia ter contato com o instrumento por ocasião dos ensaios. Mas nem mesmo essa dificuldade me impediu de ainda aos dezessete anos escrever a minha primeira canção intitulada "Matar ou Morrer". Com esta canção tive a oportunidade de participar de alguns Festivais Estudantis na Ilha do Governador e até mesmo fora dela, assim como tive também o desprazer de ser impedido de participar de um Festival, por conta da mensagem contida em sua letra. Embora me tenha sagrado vencedor em alguns deles, a minha maior premiação foi ver a letra daquela canção exposta na sala de música de um colégio na Ilha do Governador. Foi um incentivo a mais.
Ao iniciar uma atividade profissional aos dezoito anos, pude então adquirir o meu primeiro violão. Era um violão usado que comprei de um colega, mas era o suficiente pra mim. Aos vinte e sete anos casei-me e já exercendo uma atividade profissional mais consolidada, adquiri um novo violão, desta feita, elétrico e novinho em folha. Nessa ocasião parei para rever e analisar todas as canções que até então tinha criado. Não eram muitas, mas descartei a maioria por falta de qualidade. Embora não sendo um músico, pois as minhas criações são intuitivas, não leio nem escrevo partitura, eu me sentia musicalmente mais maduro, daí o descarte daquelas canções onde não percebia qualidade. A partir de então as minhas melodias ganhavam melhor sonoridade e as letras mais lirismo."
Nos versos dessa canção
Eu tento esconder a dor
Mas deixo a minha emoção
Mostrar todo o meu amor.
Sergio Barony, 1950 - 2022